Técnicas de Iluminação – Parte II


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Contraste

A câmera de televisão é capaz de tolerar um contraste relativamente limitado entre as manchas mais claras e as mais escuras de uma cena, quando se deseja que a imagem mostre as sutis diferenças de brilho que possam existir entre as áreas escuras, os ângulos intermediários, e as áreas claras. É importante destacar que o contraste não depende tanto da quantidade de luz que emitem os instrumentos de iluminação, mas sim da quantidade de luz que refletem as cores e as diversas superfícies iluminadas. Por exemplo, um refrigerador branco, um prato de latão polido reflete muito mais luz que um veludo azul escuro, inclusive se é iluminado pela mesma fonte. Quando se coloca um prato de latão sobre o veludo, quem sabe exista demasiado contraste como para que a câmera de televisão possa manejar adequadamente a imagem e todavia nem sequer se necessite iluminar.

Portanto, é importante ressaltar que cada vez que se enfrente um problema de contraste, é necessário considerar a relação de contraste entre os diversos fatores, como a incidência da luz sobre o sujeito, a quantidade de luz que se reflete e a diferença que possa existir entre o primeiro e último plano, ou entre a mancha mais clara e a mais escura da imagem. Devido a qual problema que se enfrenta , tem mais a ver com as relações do que com valores absolutos, o limite de contraste de uma câmera se expressa em razões.

Razão de Contraste:
A razão de contraste de uma imagem é a diferença que existe entre as manchas mais brilhantes e as mais escuras. A maioria das câmeras possui uma razão de contraste 40:1, o que significa que a área mais brilhante deve ser somente quarenta vezes mais clara que a área mais escura da imagem. Se a dispersão mais brilhante excede a razão 40:1, a câmera não poderá reproduzir as diferenças sutis da iluminação que existam nas áreas claras ou escuras da imagem. Não obstante, as câmeras digitais são capazes de tolerar contrastes maiores, pelo qual se pode aplicar a estas a mesma razão.

A mancha mais brilhante, ou seja, a área que reflete a maior quantidade de luz, se denomina branco de referência e determina o nível de branco. Por sua parte, a área que reflete a menor quantidade de luz é o preto de referência e determina o nível de preto. Com um limite de contraste de 40:1 ou 50:1, o branco de referência não deve refletir mais de quarenta ou cinquenta vezes a luz que reflete o preto de referência. É necessário recordar que o contraste não se determina necessariamente pela quantidade de luz que gera uma lâmpada, mas sim, pela quantidade de luz que reflitam os objetos para a lente da câmera.

Ajuste de Contraste (Shading):
Ao observar um monitor em forma de onda, o qual mostra graficamente os níveis de branco e preto de uma imagem, o operador de vídeo ajusta o contraste da imagem para que se consiga dentro de uma faixa de contraste ótima. A isto se denomina ajuste de contraste.

Ao ajustar uma imagem cuja condição é menor que a ideal, o operador de vídeo tem que baixar os valores excessivos de brilho para uniformizá-los com os níveis de branco estabelecidos. Sem dúvida, devido a que o valor mais escuro já não pode escurecer-se mais e baixar-se junto com as áreas brilhantes, as porções escuras da imagem são vencidas dentro de uma cor uniforme, escuro . Mas, se ainda assim se insiste em poder ver detalhes nas áreas escuras da imagem, o operador de vídeo todavia pode estender os pretos para o final do branco. Sem dúvida, isso provoca que as áreas brilhantes percam suas diferenças e adquiram uma cor branca uniforme, estranhamente plana e deslavada. Nisto, as imagens se apreciam como se o controle do contraste do monitor tivesse sido colocado muito alto e o brilho muito baixo ou ao contrário, como se o contraste estivesse muito baixo e o brilho muito alto. Diminuir bastante a declinação por meio de luz de preenchimento, mantendo-se ajustado o alto contraste no vestuário (camisa branca e casaco preto) ou das cores do cenário (colunas brancas frente a uma cortina branca ou púrpura escura), ajudará enormemente a reduzir ou a eliminar o problema do contraste.

Íris Automático:
Apesar de que frequentemente resulta bastante prático colocar a câmera na função de íris automático ou auto-íris (a câmera ajusta automaticamente a abertura para a exposição ideal), isto não funciona tão bem nas cenas de contraste alto. A íris automática, sempre fiel, responde inevitavelmente a área mais brilhante da imagem, sem importar o nível de brilho, e a reduz ao nível de pico do sinal (100% da força do sinal) e move o resto dos valores de brilho para baixo e para o final dos pretos da escala. Quanto mais se deva baixar-se à mancha mais brilhante para que alcance os níveis aceitáveis de branco, mais vencidas serão as cores mais escuras. O que significa que se a câmera deve ajustar-se à mancha mais brilhante da imagem o restante das áreas serão escurecidas proporcionalmente.

A maioria das câmeras profissionais que se utilizam tanto para a transmissão de notícias (ENG) e para a produção em estúdios (EFP) possuem um mecanismo eletrônico para a compreensão do contraste, o qual ajuda a que a câmera mantenha todavia, a diferenciação do brilho diante das áreas escuras (estender os pretos) sem chegar a expor demasiadamente os brancos. Este é o motivo pelo qual muitas vezes se utiliza o íris automático, mas a melhor maneira de obter imagens de alta qualidade é limitar a razão de contraste da cena à 40:1.

Medição do Contraste:
O contraste deve ser medido por meio da leitura da luz refletida: primeiro se aponta o fotômetro perto do objeto que funciona como referência do branco (frequentemente é uma pequena faixa branca que se coloca no cenário) e depois para o objeto que serve como referência de preto (a mancha mais escura da cena ou uma faixa preta colocada no cenário). Ao efetuar o anterior, inclusive se não se conta com um fotômetro ou um monitor em forma de onda para supervisionar a razão de contraste, se pode saber, ao observar o monitor, se as áreas brancas, da cenografia é demasiada em relação aos rostos das pessoas que irão sentar-se à mesa. Se eles vestem algo escuro, como um vestido púrpura ou um casaco azul, tudo se verá uniformemente escuro, quer dizer, não se percebem detalhes nas sombras.

Limite de Contraste:
Com o propósito de manter a razão de contraste dentro dos limites de tolerância da câmera (normalmente 40:1), é necessário seguir os princípios que se apresentam abaixo.

  • Assegurar-se de considerar o reflexo geral dos objetos.É evidente que um objeto que reflita a luz com intensidade, necessitará menos iluminação que um altamente absorvente.
    • É necessário evitar os contrastes extremos de brilho em uma mesma tomada.
    Por exemplo, se é necessário mostrar a nova linha de porcelana chinesa, é recomendável não colocá-la sobre um manto de cor púrpura escura, mas sim, sobre um claro que reflete mais a luz. Desta maneira, se pode limitar a quantidade de luz que incide sobre a porcelana, sem fazer com que a manta se veja demasiadamente escura.
    • As áreas sombreadas devem iluminar-se por meio de níveis generosos de luz difusa. Isto permitirá mostrar certos detalhes que de outra forma se ocultariam através de sombras, ao mesmo tempo em que se reduz o contraste.

Estas três técnicas para limitar o contraste são muito importantes quando se iluminam pessoas. Por exemplo, quando se realiza um comercial em uma cozinha inteiramente branca e de material altamente brilhante, pode acontecer que apesar da iluminação do próprio ator, seu rosto se vê bastante escuro em relação com fundo claro. Quando se ilumina mais o rosto, o problema não se remediará e, pelo contrário, se provocará que mais luz incida sobre o cenário, que já originalmente é brilhante. Em lugar disso, deve reduzir-se à iluminação do fundo refletante. Assim o rosto ficará apropriadamente iluminado sobre um fundo mais escuro.

Balanço de Intensidade

Inclusive quando já se tenha ajustado cuidadosamente tanto a posição, como os fachos das luzes chave, traseiras e de preenchimento, ainda assim, é necessário efetuar o balanço de suas intensidades relativas. Cabe destacar que não só a direção das luzes orienta o telespectador sobre a hora do dia em que transcorre a cena, senão também suas intensidades. Por exemplo, é possível sugerir que é a luz da lua que ilumina uma cena, quando se efetua uma instalação onde a luz traseira seja intensa e a luz chave, tênue.

Existem vários argumentos sobre a necessidade de balancear em primeiro lugar as luzes chave e as traseiras, ou dar-lhes prioridade sobre as chave e as de preenchimento.

Mas, pouco importa qual seja a ordem, o importante é que o efeito final seja uma imagem bem balanceada. Não obstante, o balanço das três luzes do triângulo depende do que se deseja transmitir ao telespectador. Portanto, não é possível empregar razões precisas de intensidade sobre as luzes chave, traseiras e de preenchimento como guia absoluta para obter uma iluminação eficaz. Ainda assim, existem razões que comprovadamente são benéficas para um certo número de tarefas de iluminação rotineiras. Sempre é possível iniciar com estas razões para ajustá-las depois às tarefas específicas de iluminação.

Razão entre luzes chave e traseiras:
Em condições normais, as luzes traseiras têm aproximadamente a mesma intensidade que as luzes chave. A intensidade atípica da luz traseira, provoca que as pessoas apareçam glamurosas, embora uma luz traseira muito mais baixa que a luz chave tende a não se perceber no monitor. Um ator com cabelo louro e trajes em cor clara necessitará uma luz traseira consideravelmente menor que um ator de cabelo escuro com trajes escuros. A razão 1:1 entre a luz chave e a traseira (luzes chave e traseira de igual intensidade), pode chegar até 1:1,5 (a luz traseira tem uma vez e meia mais intensidade que a luz chave) se é necessária uma boa quantidade de brilhos ou se o ator tem o cabelo escuro e de textura absorvente da luz.

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Razão entre as luzes chave e de preenchimento:
A intensidade da luz de preenchimento, depende de quão rápida é a declinação que se requer. Quando se deseja uma declinação rápida para obter um efeito dramático, será necessária pouca luz de preenchimento. Portanto, é inútil estabelecer uma razão standard entre a luz chave e a de preenchimento. Sem dúvida, para os principiantes é recomendável iniciar com uma relação de intensidades onde a luz de preenchimento seja somente a metade da luz chave para ir ajustando a partir desta. É necessário recordar que, quanto mais luzes de preenchimento se empreguem, menor será a modelagem obtida por meio da luz chave e mais se suavizará a textura (como o rosto de uma pessoa). Não obstante, se a luz de preenchimento é baixa, as densas sombras não mostrarão detalhes, e corre-se o risco de que a cor se destorce nessas áreas. Por exemplo, se um detetive faz referência a que uma mulher tem uma pequena cicatriz no lado esquerdo do rosto, e sobre seu rosto não mostra mais que uma sombra densa no lugar onde a cicatriz deveria aparecer, se a sombra oculta um interruptor importante do produto que se demonstra, definitivamente a razão entre a luz chave e a luz de preenchimento está errada.

Se for necessário iluminar uma cena cujos requerimentos foram iluminação básica alta e baixo contraste, se empregariam as luzes difusas tanto para a luz chave como para a de preenchimento, esta última acesa com quase a mesma intensidade que a luz chave.É possível que a luz traseira deva acender-se a uma intensidade maior para que promova os brilhos necessários.

 

Esquema de Iluminação

O esquema de iluminação deve mostrar:

• 1 – A colocação dos instrumentos de iluminação em relação com o cenário, os objetos iluminados e as áreas,
• 2 – A direção dos fachos principais
• 3 – O tipo e tamanho dos instrumentos que se empregarão.

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Para elaborar um esquema de iluminação eficiente, é necessário contar com um plano da área que mostre com precisão o cenário e a utilização, as posições principais do elenco e da câmera, assim como os ângulos das tomadas. Devido a que a maior parte desta informação geralmente não está disponível para os programas rotineiros, estes se iluminam sem um esquema de iluminação.

Não obstante, se o que se deve iluminar é um programa atípico, como por exemplo uma entrevista a um personagem importante, um esquema de iluminação permite que a produção se realize de maneira menos arbitrária e que o pessoal de iluminação poupe tempo e energia. Aliás, o esquema poderá ser utilizado para acontecimentos futuros semelhantes.

Uma forma fácil de elaborar um esquema de iluminação é colocar uma folha transparente sobre a cópia do plano da área e desenhar sobre esta as luzes.

É necessário empregar símbolos distintos para identificar as luzes chave (spots) e as difusas, e flechas para indicar a direção principal de seus fachos.

É recomendável trabalhar junto com o cenógrafo ou com o responsável da instalação, para que desde o princípio, a colocação do cenário diminua a necessidade de mover os instrumentos e ajude a obter a iluminação desejada.

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SEGURANÇA 

Durante a operação real dos instrumentos de iluminação e o equipamento de controle associado, é necessário obedecer à regra de todas as atividades de produção: O primeiro é a segurança. É necessário assegurar sempre com cabos ou correntes de segurança os instrumentos de iluminação ao grid de iluminação como também as bandeiras e porta filtros aos instrumentos.

Assim mesmo, também é importante supervisionar periodicamente todas os grampos C e os acessórios que conectam os instrumentos de iluminação com os mecanismos de suspensão. Requer cautela ao conectar lâmpadas e mover instrumentos ligados. Devido a que as lâmpadas quentes são vulneráveis a golpes, é necessário mover os instrumentos com cuidado e suavidade.

Devem-se usar luvas sempre que se trabalhe com instrumentos de iluminação em funcionamento, a fim de proteger os operadores de queimaduras quando seja necessário tocar uma lâmpada quente.

Antes de substituir as lâmpadas, é necessário esperar que se esfriem. Para tirar a lâmpada queimada, o instrumento deve ser desligado. Como dupla medida de segurança, desconecte o instrumento da energia elétrica ao substituir uma lâmpada.
Se for necessário utilizar as escadas para efetuar o ajuste do facho de luz de um equipamento, coloque-as para trabalhar na parte de trás e não de frente ao equipamento.

Pontos Importantes:
• Toda iluminação utiliza luzes diretas e/ou difusas
• A luz chave é a fonte principal de iluminação e deve revelar a forma básica do objeto
• A luz traseira deve ajudar a diferenciar a sombra do objeto do fundo e delinear o contorno do objeto. Proporciona brilhos a imagem.
• A luz de preenchimento reduz a declinação e diminuem a densidade das sombras.
• A luz de fundo ou do cenário ilumina o fundo da cena e do cenário. A luz atua como luz de preenchimento adicional. A luz de retrocesso se utiliza para delinear, de um ângulo baixo, o contorno de um objeto que de outra forma pareceria fundir-se com o fundo.
• A maioria das instalações de iluminação para televisão é feita sobre o princípio básico da fotografia, ou seja, a iluminação em triângulo das luzes chave, traseiras e de fundo.
• As técnicas de iluminação específicas incluem iluminação para ação contínua, iluminação de grandes áreas, iluminação com fundo escuro, iluminação de silhuetas, iluminação do chroma-key, e o controle das sombras sobre os olhos e do boom.
• Declinação significa a velocidade com a que o lado iluminado de um sujeito troca à sombra, assim como a densidade das áreas escuras. Declinação rápida quer dizer que as áreas de luz e sombra estão claramente marcadas e que as sombras são densas. Declinação lenta indica que a transição da luz e a sombra é mais gradual e que as sombras são, em alguma medida, transparentes.
• Uma cena com iluminação baixa possuem um fundo escuro e declinação rápida e seletiva, e uma atmosfera dramática e misteriosa. Uma cena com iluminação alta possuem um fundo claro, seu nível de iluminação básico é alto, e geralmente transmite uma atmosfera rítmica e alegre.
• Contraste é a diferença entre as áreas mais brilhantes e as mais escuras de uma cena.
• A razão de contraste se obtém a partir da leitura da luz refletida. A razão de contraste normal é de 40:1. Nas câmeras digitais esta razão pode ser maior, quer dizer, são capazes de tolerar contrastes mais altos.
• O balanço de intensidades dos diversos equipamentos de iluminação depende, na maioria das vezes, do efeito que se deseja transmitir.
• O esquema de iluminação indica a localização dos instrumentos de iluminação, a direção principal de seus fachos e, algumas vezes, o tipo e potência das luzes que se empregarão.
• Durante a operação da iluminação se devem obedecer às normas de segurança.

Fonte : Lumatek Iluminação
Por Mario Contreras
Diseñador de Iluminación


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